terça-feira, 6 de outubro de 2020

viver é ajudar acima de tudo, é aceitar os presentes da vida

 Sempre carrego comigo o pensamento de que não deveria ser dependente de ninguém. Até aí nada demais, pois quase todos somos alertados a pensar assim quando pegamos uma carona com um amigo e esse amigo volta tarde além do planejado. De esperar os outros para nos arranjar emprego ou até mesmo uma companhia para uma corridinha para emagrecer. São diversos os exemplos.

Devemos sim ter esse pensamento de independência, e ele é extremamente importante para o nosso crescimento, sobretudo saber que somos sempre o capitão do nosso barco. 

No entanto, mesmo tendo essa certa independência dependemos de outros, como não pegar a carona com o amigo, mas o ônibus ou o taxi , uber. Precisamos do recrutador dos direitos humanos para arrumar esse emprego. Dizemos que precisamos de muita gente mesmo que indiretamente. 

Será que isso  tira o rótulo da sociedade capitalista onde a lógica é o mercado?ou talvez nos monstra que precisamos de alguém somente quando o precisamos de fazer grana?

será que a concepção de que o mundo capitalista é realmente altruísta disfarçado de egoísta?

E quando perdemos tudo, tudo, até a roupa do corpo. Porque temos tanta vergonha em pedir ajuda a alguém?

Quando estamos com sede num lugar deserto, porque se envergonhar e pedir alguém uma água e um pão?


por que não aceitar um presente, um beijo e um abraço?porque isso seria sentir como um devedor?

Talvez essa vergonha esteja entranhada e  não percebemos. Somente através de experiências esporádicas percebemos essa cegueira.

Sentir a humilhação dos santos nos faz como eles, nos faz alvos de uma sociedade egoísta que vive alienada a certos paradigmas, um mundo utilitarista quase ao extrema que leva a guerras sem fim...Ao contrário ajudaríamos um ao outro mesmo de graça sem querer nada em troca, como os monges, os pedintes em frente a porta dos estabelecimentos, o andarilho, o viajante...

Até um morador de rua muitas vezes quando não tem o coração aberto e vive envergonhado, sentindo-se rebaixado não quer ajuda por medo de ter uma dívida.

será que o médico só assistirá o doente que pagou a conta?

será que vamos deixar quem passa fome e sede agonizar na solidão?

Quanto mais solidária uma comunidade é, mais paz ela tem, mais humanismo ela vive...





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