domingo, 26 de outubro de 2014

Barra, Recreio e o caminho

Caminhar por lugares sem vida como a Barra ou Recreio me fazem sentir isolado, sem contato com um mundo exterior. Um lugar deprimente onde só se observa veículos fechados e trancados escondendo quem está lá dentro através dos escuros vidros que tampava toda a forma de vida existente, no máximo se via um chumaço de pele passando em 80 quilômetros por hora no banco da frente..

Parece que só existem máquinas com rodas pra lá e pra cá rondando envolta de mim, e esperando que eu atravesse logo o seu caminho. Cercas de portões me isolavam mais ainda, onde eu que realmente me sentia numa prisão, fora do mundo dele, a pé e caminhando e junto com quem não fazia parte daquele reino.

Quando caminhamos pela Barra, sinto-me voltar à idade média, lembrando passar por àqueles enormes castelos protegidos por muralhas. É claro, não há culpa dos que moram por lá, mas há um sentimento de fuga para longe da miséria e da baixa qualidade  moral, que não enfrentada, torna-se uma arma contra toda a omissão dos que poderiam fazer algo e não fizeram. Quem sofre é a próxima geração, pois os problemas se apresentam já completamente desenvolvidos. Por exemplo, ao escolher um lugar para viver, somo roubados diversas vezes, assim começamos a levantar um muro, instalar câmeras, se isolar. Nos fechamos, mas não por nossa culpa, mas pelo que já existe. Acabamos por sentir numa ilha, fechadas ao nossos filhos, somente com contato com pessoas que vivem a nossa mesma realidade. Isso é uma forma de proteção natural do ser humano. A Barra e o Recreio são lugares como esse. Locais longe de qualquer vestígio de contato humano, um lugar perdido.


Não vejo natureza ao redor, somente prédios e carros. Viver trancafiado soa-me um tanto estranho. Não sei se tivesse dinheiro moraria por lá. As pessoas, em grande parte, foram tratadas separadas do mundo real, como num castelo ou ilha protegida pelo muro do dinheiro. Do carro pra trabalho ou do trabalho pra casa. Vejo o barrista ou o recreista, mesmo com suas diferenças, uma gente desconectada com mundo e seus valores, sem vida. Não se sente nada humano e de alto valor quando encontro com este pessoal passando por mim. Estes lugares são o fiel retrato de um Brasil, dos que não veem o outro, dos emergentes que subiram alguns degraus e se acham donos de um pedaço do mundo.

Sempre fui avesso à estes lugares. Um ambiente que me traz um certo ar de falsidade, de baixeza de um mundo vil. Nos bares os grupos se fecham entre eles, não há presença, não há nada além de nada, e deste nada para mim é que percebo só o que foge dele, é o que realmente é o lugar , tirando, porém, as belezas de Deus, a natureza, este não deixo de absorver e relaxar.  De prazeroso só há a praia, o visual e as cheirosas mulheres, as tais figurantes que completam o cartão postal do que restou o que o homem não pode destruir, as formas da natureza.

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