Quando alguém pergunta " o que você faz?". Muitas vezes há uma resposta imediata do tipo" trabalho com tal coisa" ou "sou médico", "sou engenheiro, sou empresário" ,"sou juiz"... Das profissões consideradas mais nobres pela sociedade há uma rápida identificação entre o que se faz como profissão e seu carácter. Se a pessoa é um médico , ele pode ter o dom de cura, ser um perfeito noivo, ou terá muitos amigos bajuladores, mas também pode ser um mau carácter na vida. Dificilmente ele falará " trabalho na saúde". Seu amor próprio é maior e pesa o fato dele ser um benfeitor para o povo. Por um outro lado, um gari dificilmente falará " sou um gari", senão " sou funcionário público" com certo constrangimento de ser descoberto, e se insistirem, para dar um ponto final, ele logo responde" trabalho para prefeitura". pelos olhos das pessoas, a profissão transparece o carácter. Neste caso, essa pessoa que trabalha como gari será desprezada pelas altas classe, ja que ele trabalha com o lixo. Alguns dizem "sou ninguém" quando perguntam quem é, como no conto de Rubem braga, O padeiro. Assim como o sistema de castas na índia, o Brasil segue com essa realidade inconsciente. O dinheiro e a profissão muitas vezes irão falar mais alto.
Martin Lutero que levou a palavra "beruf" profissão ao vocabulário alemão, chamado de Deus. É daí que vem sua ocupação perante ao senhor. Havia antigamente uma maior identificação entre a personalidade e a profissão. As profissões não eram chamativos para enriquecer ou para ter mais ou menos prestígio na sociedade, mas sim uma contribuição, uma participação no desenvolvimento desta, daí cabia um traço de sua personalidade.
Ao longo do tempo as profissões perderam sua identificação já que o enriquecer ou ter prestígio numa sociedade vale mais que a dignidade. Talvez hoje é mais justo que haja uma separação e quando perguntarem o que você faz" trabalho como médico".